Manuel Frazão, membro do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas defendeu, este sábado, em Gáfete, no concelho do Crato, que o património das Misericórdias deve “ser recuperado e rentabilizado, de forma a criar o terceiro pilar da sustentabilidade” destas instituições.
Numa conferência sobre sustentabilidade, promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Gáfete, Frazão disse que vender património “é a pior opção de todas” e acrescentou que ao fazê-lo as Misericórdias estão a “falsear” aquilo que foi o pensamento do benemérito que fez a doação.
O mesmo responsável acrescentou que a sustentabilidade “não pode ser só uma preocupação do provedor nem da mesa administrativa”, deve envolver o contributo de todos, desde o colaborador, à direção técnica, só desta forma as Misericórdias conseguem “cuidar e acolher” aqueles que tem “fracos rendimentos”.
Presente na iniciativa, o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, sublinhou a importância das Misericórdias no apoio social às populações e alertou para a necessidade “urgente” de um novo modelo de financiamento a estas instituições.
O autarca do Crato considera que os utentes deveriam beneficiar de um “rendimento social garantido”, uma comparticipação adicional do Estado para compensar as baixas reformas.
Carlos Abreu, provedor da Misericórdia de Gáfete, explicou a pertinência do tema com as “dificuldades que as Misericórdias enfrentam”, nomeadamente em termos de financiamento”.
O provedor sublinha que o Alto Alentejo “necessita cada vez mais destas casas” e defende um trabalho em parceria, para rentabilizar recursos.
Segundo Carlos Abreu, a principal dificuldade da Misericórdia de Gáfete é o recrutamento de recursos humanos.
Atualmente a Misericórdia de Gáfete conta com 34 funcionários e dá resposta a 49 utentes em lar e 19 em apoio domiciliário.
A conferência sob o tema “Desafios e Oportunidades: Caminhos para a Sustentabilidade das Misericórdias” decorreu, este sábado, na Igreja do Espírito Santo, em Gáfete.