O vice presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Eduardo Ferreira, aconselhou o próximo Governo a “andar de braço dado” com os Bombeiros e não “às turras”, frisando que “os escravos demoram a revoltar-se mas quando se revoltam é com sangue”.
O dirigente falava na cerimónia protocolar dos 125 anos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Portalegre, que decorreu este sábado no quartel dos soldados da paz.
A cerimónia foi presidida pela secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, que anunciou um investimento de milhões de euros para as corporações de Bombeiros.
Segundo Patrícia Gaspar, dos 40 milhões do PRR para a componente das florestas, “pelos menos 20 são exclusivos para os Bombeiros, verba que vai permitir fazer a maior redistribuição de viaturas dos últimos vinte anos”.
De acordo com a secretária de Estado, dos 81 veículos que vão ser distribuídos pelas corporações de Bombeiros, 18 são para o Alentejo, três dos quais para a sub região do Alto Alentejo.
No âmbito do PT2030, a governante disse que a proteção civil de âmbito local vai contar com uma verba de 122 milhões, valor que Patrícia Gaspar considera insuficiente, apelando ao sentido de oportunidade e capacidade dos dirigentes, no sentido de criarem sinergias para potenciar “este dinheiro”.
Para João Mota Lourenço, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Portalegre, o poder central deveria, efetivamente, avançar para um maior apoio aos corpos de Bombeiros, um apoio que permita mitigar as desigualdades entre o interior e o litoral do país.
Segundo Mota Lourenço, a Associação Humanitária consegue atualmente viver com as contas equilibradas, “desde que não apareçam despesas extraordinárias”.
O dirigente deixou ainda um agradecimento à Câmara de Portalegre, pelo apoio financeiro e a recente oferta de um veículo de transporte de doentes.
Também a presidente da Câmara de Portalegre, Fermelinda Carvalho, chamou a atenção para a falta de apoio do Estado aos Bombeiros, frisando que sem a atualização dos valores atribuídos a proteção das populações pode ficar comprometida.
A autarca considerou ainda que é “uma falha muito grave” a não renovação de veículos, especialmente numa corporação onde a média de idades da frota ronda os 25 anos.
Fermelinda Cravalho acrescentou que no último ano a Câmara de Portalegre transferiu 300 mil euros para os Bombeiros locais, valor que considera insuficiente, comprometendo-se a tentar reforçar esta verba.
Por seu turno o Adjunto do Comando dos Bombeiros de Portalegre, Marco Silva, fez um apelo ao voluntariado e a um apoio mais substancial, ao nível dos recursos e equipamentos necessários ao bom funcionamento da corporação.
A comemoração dos 125 anos dos Bombeiros de Portalegre incluiu a formatura junto ao Monumento do Bombeiro, na Praceta Heróis da Índia, um desfile com paragem no Monumento aos Mortos da Grande Guerra, a celebração da Eucaristia na Sé Catedral e uma homenagem aos Bombeiros falecidos no cemitério de Portalegre.
A cerimónia culminou com a entrega de distinções honoríficas e um almoço comemorativo.