
O que durante anos foi um duelo político marcado por insultos, acusações públicas e demissões dramáticas, transformou-se agora num eventual acordo de bastidores que deixa muitas pessoas incrédulas.
José Rondão Almeida, líder do Movimento Cívico por Elvas (MCPE), e Nuno Mocinha, dirigente socialista, terão selaado um entendimento que garante a maioria na Câmara Municipal de Elvas para o mandato 2025–2029.
O jornal Linhas de Elvas avançou que Mocinha ocupará a vice-presidência do executivo municipal.
Rondão Almeida foi reeleito presidente da Câmara nas eleições autárquicas de outubro deste ano, mas sem maioria absoluta. O MCPE elegeu dois mandatos, tal como o Chega e o PS, enquanto o PSD garantiu apenas um.
Apesar de o Chega ter sido a segunda força política mais votada, o acordo entre MCPE e PS permite a Rondão formar maioria e manter o controlo do executivo. O PS, que ficou em terceiro lugar, vê agora o seu líder recompensado com a vice-presidência.
Na Assembleia Municipal, o cenário repete-se: embora o Chega tenha conquistado o maior número de mandatos, o acordo entre MCPE e PS garante a presidência a Graça Luna Pais, eleita pelo movimento. A matemática política sobrepôs-se à vontade expressa nas urnas, deixando o Chega fora das principais decisões autárquicas.
Este entendimento, não confirmado nem desmentido por Rondão Almeida em declarações à Rádio Portalegre, parece mais uma jogada de sobrevivência política do que um pacto programático.
A ausência de transparência e o silêncio dos envolvidos alimentam a perceção de que os eleitores foram usados como peões num tabuleiro de conveniências.
A alegada união entre Rondão e Mocinha, que durante anos se acusaram mutuamente de traição, falta de ética e deslealdade institucional, levanta uma pergunta inevitável: o que mudou? Ou melhor, quem mudou — e porquê?
