
O Movimento Cívico por Elvas (MCPE) e o Partido Socialista (PS) chegaram a um acordo para a governação da Câmara Municipal de Elvas no próximo mandato, num entendimento que prevê a nomeação de Nuno Mocinha, eleito pelo PS, como vice-presidente da autarquia.
A decisão está a gerar polémica, uma vez que o PS foi apenas a terceira força política mais votada nas eleições autárquicas de 12 de outubro, atrás do Chega e do MCPE, que venceu o sufrágio.
O Chega, que conquistou o maior número de mandatos para a Assembleia Municipal, revelou ter sido convidado a integrar o executivo municipal com pelouros atribuídos, mas recusou o convite.
Em declarações à Radio Portalegre o cabeça de lista do Chega à Câmara de Elvas, nas eleições autárquicas de 12 de outubro, José Eurico Malhado, explicou que a razão da recusa prende-se com o facto de o acordo entre MCPE e PS prever a eleição de Graça Luna Pais, eleita pelo MCPE, como presidente da Assembleia Municipal — um cargo que o Chega considera que lhe deveria caber, por ter sido o partido mais votado para esse órgão.
A situação ganha contornos ainda mais controversos devido à história política recente de Elvas. Rondão Almeida foi presidente da Câmara durante 20 anos, eleito pelo PS. Em 2013, impedido de se recandidatar por força da lei de limitação de mandatos, indicou Nuno Mocinha — seu vice-presidente durante oito anos — como candidato do PS à presidência da Câmara.
Mocinha venceu as eleições e Rondão Almeida foi eleito vereador na sua lista. No entanto, a relação entre ambos deteriorou-se rapidamente. Passado um ano, Rondão Almeida rompeu com Nuno Mocinha, fundou o MCPE e, numa reviravolta política, derrotou o antigo aliado nas eleições seguintes, assumindo novamente a liderança da autarquia.
Agora, num volte-face inesperado, Rondão Almeida e Nuno Mocinha voltam a unir forças para governar Elvas, deixando o Chega e o PSD fora do executivo.
Esta aliança entre antigos rivais, que durante anos protagonizaram um confronto político marcado por acusações públicas, insultos e demissões dramáticas, está a ser vista por muitos como um pacto de conveniência que poderá agitar ainda mais o já instável cenário político elvense.
