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Crato: moradores do Pisão pedem união dos autarcas para retomar obras da barragem

Os moradores do Pisão, no concelho do Crato, desafiaram os autarcas da região para criar uma petição pública que defenda a construção da barragem e contribua para anular a providência cautelar que paralisou as obras.

No final de setembro associações ambientalistas apresentaram uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco, que decretou a anulação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA).

Os trabalhos do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato, também conhecida por Barragem do Pisão estão interrompidos.

Em declarações à Rádio Portalegre, o representante da Pró-Associação de Residentes e Proprietários do Pisão, António Farinha, explicou que a posição dos ambientalistas “não se justifica” face à fase em que se encontra o projeto, sublinhando que a decisão do tribunal ao parar a obra está a provocar “impactos negativos”.

A proposta foi apresentada no dia 31 de outubro no decorrer de uma reunião da Comissão de Acompanhamento da Reinstalação da Nova Aldeia do Pisão (CARNAP), que envolve, entre outros, o município do Crato e a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), responsável pela obra.

Em comunicado, a CIMAA revela ainda que no decorrer da reunião foi abordado o tema da interrupção da empreitada de construção das infraestruturas primárias da barragem, tendo sido reforçado pelos autarcas que “têm a profunda convicção de que todas as normas legais foram cumpridas” e que a situação “se vai resolver” em prol do desenvolvimento do Alto Alentejo.

Citado no comunicado, o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, referiu na reunião que “tudo o que estava ao alcance” dos contrainteressados, onde se enquadra a CIMAA, “já foi enviado para tribunal, ainda antes dos prazos” definidos para o efeito.

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho disse na terça-feira no parlamento ter dado indicações à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para “responder com toda a força” à providência cautelar para travar a construção da barragem.

A obra, considerada estratégica para a resiliência hídrica da região do Alentejo, será financiada através do programa Sustentável 2030, com recurso a fundos do Fundo de Coesão, após aprovação da transferência pela Comissão Europeia.

Com um investimento superior a 220 milhões de euros, o projeto ocupará uma área de 10 mil hectares e implicará a submersão da aldeia de Pisão.

A barragem visa garantir o abastecimento público de água, criar novas zonas de regadio e fomentar a produção de energia renovável.