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Elvas: Rondão Almeida promete levar críticos a tribunal e exige respeito – “Vão ter de justificar que sou corrupto e gatuno”

O presidente da Câmara Municipal de Elvas, Rondão Almeida, lançou, terça feira, um aviso contundente aos seus detratores nas redes sociais: vai avançar com processos judiciais contra todos os que, segundo afirma, o insultaram e colocaram em causa a sua honra nos últimos dias.

Segundo o autarca, os visados terão de justificar em tribunal as acusações de “corrupto e gatuno” que lhe foram dirigidas. Rondão Almeida considera que a democracia garante liberdade de expressão, mas sublinha que essa liberdade está condicionada pelo respeito que se deve ao outro e pelos limites do que pode ser dito sem ofender.

O presidente da autarquia revelou que recorrerá ao Gabinete Jurídico da Câmara para exigir respeito, pedidos de desculpa e punições para todos aqueles que, no seu entender, não sabem viver em democracia nem respeitar o próximo.

Rondão Almeida afirmou ainda que, enquanto tiver saúde — que atribui à vontade de Jesus Cristo — continuará a exercer funções como presidente da Câmara de Elvas, e que, embora se sinta bem fisicamente, começa a faltar-lhe paciência para ler certos comentários que algumas pessoas escrevem nas redes sociais.

O edil lamentou profundamente o nível de linguagem que, segundo ele, se tem vindo a instalar em Elvas, afirmando não ter palavras para descrever como a cidade chegou a este ponto.

Os comentários nas redes sociais, a que Rondão Almeida se refere, foram feitos numa publicação em que o autarca explica os contornos do acordo, entre o Movimento Cívico por Elvas (MCPE) e o PS, para a governação da Câmara de Elvas no próximo mandato, num entendimento que prevê a nomeação de Nuno Mocinha, eleito pelo PS, como vice-presidente da autarquia.

A decisão está a gerar polémica, uma vez que o PS foi apenas a terceira força política mais votada nas eleições autárquicas de 12 de outubro, atrás do Chega e do MCPE, que venceu o sufrágio.

O Chega, que conquistou o maior número de mandatos para a Assembleia Municipal, revelou ter sido convidado a integrar o executivo municipal com pelouros atribuídos, mas recusou o convite.

Em declarações à Radio Portalegre o cabeça de lista do Chega à Câmara de Elvas, nas eleições autárquicas de 12 de outubro, José Eurico Malhado, explicou que a razão da recusa prende-se com o facto de o acordo entre MCPE e PS prever a eleição de Graça Luna Pais, eleita pelo MCPE, como presidente da Assembleia Municipal — um cargo que o Chega considera que lhe deveria caber, por ter sido o partido mais votado para esse órgão.

A situação ganha contornos ainda mais controversos devido à história política recente de Elvas. Rondão Almeida foi presidente da Câmara durante 20 anos, eleito pelo PS. Em 2013, impedido de se recandidatar por força da lei de limitação de mandatos, indicou Nuno Mocinha — seu vice-presidente durante oito anos — como candidato do PS à presidência da Câmara.

Mocinha venceu as eleições e Rondão Almeida foi eleito vereador na sua lista. No entanto, a relação entre ambos deteriorou-se rapidamente. Passado um ano, Rondão Almeida rompeu com Nuno Mocinha, fundou o MCPE e, numa reviravolta política, derrotou o antigo aliado nas eleições seguintes, assumindo novamente a liderança da autarquia.

Agora, num volte-face inesperado, Rondão Almeida e Nuno Mocinha voltam a unir forças para governar Elvas, deixando o Chega e o PSD fora do executivo.

Esta aliança entre antigos rivais, que durante anos protagonizaram um confronto político marcado por acusações públicas, insultos e demissões dramáticas, está a ser vista por muitos como um pacto de conveniência que poderá agitar ainda mais o já instável cenário político elvense.